AS CARACTERÍSTICAS DA INTELIGÊNCIA DA CRIANÇA DOS 18
AOS 24 MESES , SEGUNDO PIAGET:
Período
sensório motor :( 0 a 24 meses )
1- Exercício dos reflexos
2- Reações circulares primárias. Primeiros hábitos
3- Reações circulares
secundárias . Coordenação visão – preensão
4- Coordenação dos esquemas
secundários
5- Reações circulares terciárias . Descobrimento de novos meios por experimentação ativa
6- Invenção de novos meios por
combinação mental
Sub período
pré – operatório :
Aparecimento da função semiótica e início das
interiorizações dos esquemas de ação e representação ( 2 a 4 anos )
“ Até 18 meses a criança relaciona-se com o meio através dos seus sentidos e agindo
sobre ele . As trocas são principalmente
materiais e limitadas ‘`a situação atual e a esse lugar. Em torno dessa
idade, fins do segundo ano começam a aparecer a linguagem e a representação ,
ou seja , a possibilidade de usar um significante ao invés de um significado .
Isso abre enormes perspectivas e uma nova etapa no desenvolvimento. A primeira
é denominada período sensório motor devido às características predominantes, ou
seja a atividade sensorial e motora , enquanto que depois encontramos uma fase
representativa .
Entre a idade
de 2 e 7 anos a criança reconstrói , pela linguagem seus conhecimentos
anteriores. A sua capacidade de atenção , no entanto continua sendo limitada e
permanece dominada pelo que se denomina egocentrismo. É a etapa do pensamento
intuitivo, ou sub-período pré – operatório no qual a criança se mostra muito
apegada aos aspectos externos das situações .”
O INÍCIO DA REPRESENTAÇÃO :
“ A
representação não surge de maneira brusca , mas
muito gradualmente , e podem ser encontrados seus sinais desde o início
do período sensório – motor, embora não
seja ainda considerada como uma autêntica representação .Os antecedentes dessa
capacidade representativa devem ser encontrados nas situações em que a criança
, a partir de um aspecto da situação , é capaz de reconhecer outros
aspectos ou o conjunto dela mesma .
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No final do período sensório motor é que começam a
aparecer significantes que se diferenciam dos significados , que são
independentes dos mesmos . Assim surgem os símbolos motores que são produzidos
por imitação , como por exemplo uma criança que abre a boca para representar a
abertura de uma gaveta , ou de uma caixa de fósforos .
TIPOS DE SIGNIFICANTES
Nem todos os significantes são do mesmo tipo e, por
isso, podem se classificados conforme o grau de conexão entre significante e
significado . de acordo com esta relação é possível distinguir três tipos de
significantes.
-
quando o significante e o
significado não estão diferenciados ,
falamos de índices ou de sinais
– por exemplo fumaça é sinal de fogo, barulho de motor de carro
significa que á um carro próximo .
-
quando o significante se diferencia do significado, mas guarda uma
conexão com ele , fala-se de símbolos
- por exemplo quando uma criança usa um pedaço de pau para fazer de
cavalinho , o ato de montar remete-a ao qual faz com o cavalo , um desenho de
uma casa simbolizando uma casa .
-
quando os significantes se distanciam totalmente dos significado ,
falamos de signos , como por exemplo, as palavras ou os sinais
matemáticos ( que deveriam ser denominados signos matemáticos ) pois entre uma
somo e um + não existe nenhuma conexão .
Podemos comprovar pois a importância do trabalho a
ser realizado desde a classe dos
pequeninos , remetendo-os através de estímulos adequados ao aprendizado dos
signos o que culminará com o aprendizado da linguagem dos signos – a escrita e
a leitura .
AS MANIFESTAÇÕES DA FUNÇÃO SEMIÓTICA :
O que aparece no final do período sensório motor é ,
então , essa possibilidade de usar significantes diferenciados ao invés de significados e as
manifestações dessa capacidade que recebe
o nome de função semiótica ou simbólica , são diversos tipos de condutas que
são aparentemente bastante diferentes , mas que possuem em comum a utilização
de algo para designar outra. Essas manifestações são a imitação diferida , o
jogo simbólico , o desenho , as imagens mentais e a linguagem.
A IMITAÇÃO :
Ë muito precoce no período sensório motor e o bebê é capaz de reproduzir
prontamente movimentos que vê nos outros
, seja com as mãos , as pernas ou a boca . Mas
essa imitação é realizada sempre na presença do modelo ao qual está imitando e não há imitação de
modelos ausentes .
No final do período sensório motor começa a aparecer um tipo de imitação que
acontece na ausência do modelo , a que denominamos imitação diferida. A criança
é capaz de reproduzir algo que viu algumas horas antes, ou dias antes – é pois
uma forma de representação diferenciada.
O JOGO SIMBÓLICO :
Constitui-se
numa forma de de representação que guarda íntima relação com a imitação.
A criança está reproduzindo situações que
viu , mas reproduz adaptando-as aos seus desejos. Deixa de ser o filho para ser
o pai, deixa de ser o paciente para ser o módico , deixa de ser o aluno para
ser a professora .Assim cria situações
que consegue controlar e nas quais não é controlada .
Em seguida , ainda no final do período sensório motora criança começa a
utilização de símbolos no jogo, representando assim a realidade , de acordo com
as necessidades do sujeito. Esse tipo de jogo permite , então uma manipulação
simbólica da realidade , que seria impossível realizar de forma prática .
O DESENHO
O desenho é outra forma de representação da
realidade que divide com o jogo o prazer
que sua realização provoca .
Parece que a criança sempre pretende fazer um desenho realista , mas o
que reproduz na realidade é mais o que ela sabe
do que ela vê . Isso explica as etapa do desenho do desenho infantil e
que estão intimamente ligadas às etapas pelas quis a criança passa na sua
compreensão da realidade .
Podemos ainda considerar no desenho da crianças (Luquet,1927 ) etapas distintas :
1- realismo fortuito , que geralmente implica no descobrimento do significado do desenho
durante a sua realização. Enquanto a criança
se entrega ao prazer funcional de desenhar, descobre , de repente
, uma semelhança entre o seu desenho e algum objeto e assim o manifesta
atribuindo-lhe essa significação .
2- O realismo frustrado , quando a criança ainda não é capaz de
organizar os elementos do modelo em uma unidade , colocando-os da forma que
pode. Dentro dessa etapa deveriam ser incluídos os desenhos cabeçudos, primeira
etapa da representação da figura humana , na qual aparece uma cabeça da qual
saem diretamente uns tipos de fios que
representam as extremidades.
3- O realismo intelectual , que caracteriza-se pela representação dos
traços essenciais do objeto sem que haja uma consideração da perspectiva , de
tal modo que se é desenhada uma pessoa de perfil , aparecem os dois olhos, ou
numa plantação de batatas ela aparecem debaixo da terra .
4-
O realismo visual , que começa em torno dos 8 ou 9 anos , a criança começa a
representar somente o que vê a partir de um ponto de vista determinado ,
atendo-se o máximo às relações das coisas .
AS IMAGENS MENTAIS :
Estas não são simplesmente as marcas deixadas pela
percepção , mas se constituem numa forma de imitação que não é
exteriorizada , ou seja uma imitação interiorizada . A imagem não é simplesmente uma cópia da realidade , mas
representa também um esforço de assimilação e de elaboração da realidade .
A LINGUAGEM
Representa a última manifestação dessa função
semiótica e forma o sistema de representação mais complexo . A Linguagem
aparece , no início , subordinada às situações e posteriormente , vai se tornando independente
, cada vez , mais independente.
Sua importância exige que lhe seja dada especial
atenção no desenvolvimento da criança .
Ao longo do período sensório motor produzem-se
muitos progressos cognitivos que constituirão a fundamentação do
desenvolvimento da capacidade lingüística posterior, são os pré requisitos para
a aquisição da linguagem .A partir do momento em que a linguagem aparece
influi sobre as aquisições cognitivas.
A aquisição
da linguagem não é um fenômeno único.
Ela apresenta uma diversidade de facetas profundamente relacionadas entre si,
com relações muito intrincadas .
Antes da criança aprender a falar , ou seja a
pronunciar suas primeiras palavras é o que entendemos geralmente por aprender a
falar , ela já percorreu um longo caminho preparatório para a aquisição da linguagem. Um caminho que
consistiu não somente na aquisição dos sons, mas também em outros aspectos
menos aparentes .
É conveniente lembrar que a linguagem é muito mais
do que somente as palavras e, inclusive , do que as relações entre as palavras.
A linguagem tem função comunicativa. Desde o nascimento a criança manifesta sua
situação através de diferentes procedimentos , que incluem os gritos, os choros
, usados para atrair a atenção do adulto, principalmente quando está
descontente .
Os primeiros aspectos da utilização da linguagem
parecem ser bastante determinados por fatores do tipo biológico inato – que
resultam no aprendizado da linguagem a qual está exposta ..
As primeiras palavras que a criança emite não
designam necessariamente , de imediato ,
conceitos ou objetos . Sua fala resulta da aprendizagem de combinar os sons e
da imitação da fala do adulto , sem que
capte o aspecto da situação que a palavra designa .
Por um lado as criança generalizam o significado de
uma palavra para fazer referência a muitos objetos aos quais não é aplicada
habitualmente – como por exemplo “ ola “ para nomear uma bola , um biscoito de
forma arredondada , marcas redondas etc
. A criança capta uma característica comum entre estes objetos e isto a leva a generalizar .
Durante longo tempo a criança irá considerar que as
palavras são uma propriedade das coisas . Não há diferenciação entre o
significante e o significado , e a criança não aprendeu o caráter
arbitrário das palavras .
As primeiras palavras utilizadas pelas criança designam muito mais do que objetos . Designam
intenções , desejos , pedidos , relações ..
Posteriormente a criança vai expressando por meio
das combinações de palavras um
conhecimento cada vez maior sobre o mundo que a cerca ao mesmo tempo que
progride seu desenvolvimento psicológico geral e sua capacidade
lingüística não somente se manifesta
na aprendizagem de um número cada vez maior de frases , mas
principalmente na capacidade de produção de novas frases que nunca ouviu
anteriormente . Assim, aos poucos a criança vai descobrindo as regras que regem
a linguagem , as regras relativas ao singular e ao plural , ao masculino e ao
feminino , às conjugações dos verbos e às combinações de palavras , assim como
à ordem em que esta devem ser apresentadas .
Bibliografia :
Denval, Juan – Crescer e Pensar , A construção do
conhecimento na Escola – Editora Artes Médicas, tradução de Beatriz Afonso
Neves , Porto Alegre 1998
Montessori , Maria – La Mente del Bambino , Garzanti ,Milão 1952.
Vita dell’ Infanzia – Opera Nazionalle Montessori
,Roma
Kaufman,Ana Maria – A leitura , a escrita e a escola
.Artes Médicas, 1994
Trabalhando com textos numa classe de Nido
(
crianças de 18 a 36 meses )
I - A escolha do texto :
Acreditamos que histórias baseadas na vida real
sejam as mais indicadas para esta faixa etária , enriquecendo o universo
infantil com situações da realidade próxima e da realidade distante , mas
sempre as da realidade .
É preciso ter muito cuidado com os textos que
envolvam o imaginário , para que o limiar entre realidade e fantasia sejam
adequadamente estabelecidos .
Escolhemos para trabalhar com as turmas deste
segmento no primeiro segundo bimestre maio , junho e julho , os contos da vida real .
II - Das
características do texto:
Os contos da vida real retratam situações do
cotidiano que poderiam acontecer com qualquer pessoa .
Não há seres “ imaginários “ , bichinhos que falam ,
bruxas ou fadas ...
É preciso esperar mais um pouquinho para apresentar
este tipo de literatura para a criança , pois somente quando for capaz de usar
significados pode começar a compreender
tais histórias .
A estrutura de um conto sempre inicia com a caracterização do local onde a trama se desenrola ,ou do
personagem que vai desencadear a ação .
Ë importante observar a fala dos personagens , os
adjetivos utilizados para descrever os personagens e o lugar onde desenrola-se
a trama , levando o leitor a construir imagens mentais do que é narrado .
Na trama existe o momento em que o elemento
desnormalizador aparece , em seguida a busca da solução e como clímax o caso
solucionado .
O tempo verbal utilizado pelo autor reforça a idéia
do tempo em que se desenrola a ação .
III – Desenvolvendo o trabalho com as crianças :
Como nossa criança está
entre o período sensório motor e o sub-período pré operatório, construindo a
relação entre significantes e significado ,e desenvolvendo a aquisição da
linguagem , atividades que envolvam ação , representação são muito recomendáveis . Um canto de
dramatização precisa ser criado em cada sala para permitir que a criança
imite e represente as diferentes
situações da história
a) O Orientador de classe “toma
posse do texto “ .
-
tendo escolhido o texto é necessário analisá-lo para levantar todas as
possibilidades que oferece .
-
ler a história com atenção , observar se alguma palavra precisa ser
explicada à criança
-
“treinar a leitura “ se necessário para poder fazê-lo com desembaraço .
b) Desenvolvendo o projeto :
Atividades em pequenos grupos:
Dia 1 _ Contando a história :
-
Ler o texto para as crianças .
Ler mesmo
para não se perder inventando nesta etapa um novo texto que não preserve as qualidades do texto escrito pelo autor escolhido. Mostrar as ilustrações entre uma página e outra a medida que lê para que a criança possa acompanhar com as imagens a
trama narrada.
Dia 2- Mostrar novamente o livro e conversar com as
crianças sobre os personagens:
- Fazer o levantamento dos personagens, registrando num blocão , poderá
ser combinado com as crianças que a
Orientadora de Classe escreverá o nome e eles desenharão, ou será o personagem
xerocado do livro e colado na folha do Blocão , ou o que combinarem
- Escrever o nome dos personagens
- Fazer com as crianças uma “LISTA “ ( cada criança escreve na sua folha
, do seu jeito a relação dos personagens
da história , os nomes podem ser ditos pela criança ou evocados pela
orientadora )
Dia 3 -
-
Fazer os personagens da história
com massinha
-
Fazer o objetos da história com
massinha
Dia 4
-
Montar um “banco de palavras “com as palavras que aparecem na história
-
Pesquisar em revista objetos que apareçam na história , retirar e colar
no blocão
ou selecionar para fazer livro .
- Fazer com as crianças uma “LISTA “( vide orientação no ítem
relativo aos personagens )
Acompanhando esta etapa o Orientador deve incorporar
aos ditados mudos o vocabulário significativo da história., classificando-o nas
caixinhas adequadas e criando as caixinhas que forem necessárias para cada nova
classificação .
Dia 5
-
Conversar novamente sobre a história , mostrando as gravuras do livro.
-
Fazer o reconto da história – as crianças contam a história e a Orientadora
de Classe escreve no blocão como elas contam , sem fazer interferências .
Dia 6
-
Reler o reconto para completar .
-
Fazer no texto as correções necessárias , passar a limpo e deixar
exposto .
Dia 7:
- Xerocar as gravuras significativas do livro e montar
o livro com o reconto das crianças .
c)
Atividades paralelas :
-
Confeccionar cartões de ditado mudo com objetos que aparecem na
história
-
Confeccionar cestas de reconhecimento com objetos que aparecem na
história
-
Fazer livros montessorianos com objetos que aparecem na história, a
capa pode reportar à história lida .
-
Fazer dramatização , onde cada criança escolhe o personagem que quer
ser e faz “uma coisa “ como este personagem .
-
Procurar músicas e brincadeiras
que tenham afinidade com o texto escolhido para enriquecer o trabalho.
-
Fazer o registro das “ palavras
que aprendemos “ no Blocão , com gravuras pesquisadas pelas crianças .
Nota:
Este projeto é de curta duração ,deve ser
desenvolvido em até três semanas l .
Ao terminar o primeiro , selecionar outro livro , de acordo com a
preferência do grupo e desenvolver as etapas orientadas , tendo em vista
proporcionar atividades que favoreçam e atuem com estímulo ao desenvolvimento
da linguagem ,à construção do conhecimento e respeitem as etapas do
desenvolvimento da inteligência e o ritmo de cada criança em particular ,.
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