quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Montessori e seu filho

   Montessori e seu filho  



  •       Conhecendo  seu filho ....

Um dos impulsos mais fortes da criança é o desejo de independência
Precisa da sua ajuda e da sua guia, mas num determinado tempo demonstra um grande desejo de ser independente, isto é de fazer as coisas que é capaz a realizar sozinha.


  • A criança pequena é muito sensível.
Ela ainda não aprendeu a controlar seus sentimentos como faz um adulto. Percebe as coisas de um modo muito direto e forte que muitas vezes não sabe ainda exprimir.
     Se alguma coisa a incomoda pode exprimir-se com comportamentos desordenados que parecem às vezes destrutivos ou agressivos.

  • A  criança aprende fazendo.
         O adulto pode aprender certas coisas lendo, buscando informações, mas a criança aprende quase tudo fazendo. Ela está desenvolvendo seu corpo e sua mente e o faz, usando-os.

  • A criança tem um forte senso de ordem.
          É necessário viver num ambiente onde cada coisa tem seu lugar. É necessário que a sua vida tenha uma rotina apropriada que dê ordem ao seu cotidiano.
          A criança pequena pode ser profundamente perturbada pela desordem, mostrando-se inquieta, insegura, agressiva e por vezes chorar sem compreender as causas dos próprios sentimentos.

  • A criança pequena prefere o trabalho a um jogo.
        Mesmo diante da possibilidade de escolher, a criança prefere fazer um trabalho “de verdade” como limpar, a cozinha, cuidar das plantas em vez de “jogar”.
       As crianças têm um profundo amor pelo trabalho e desejam participar do mundo dos adultos desenvolvendo competências significativas e necessárias. Desejam fazer parte da vida familiar e contribuir com o seu trabalho.

  • O que mais interessa a uma criança é o processo de fazer as coisas, o resultado final é o que lhe interessa.
       Diante do produto final, a criança é certamente feliz porque sente que é reconhecida por realizar algo; mas aquilo que lhe dá realmente prazer é o fazer.
       A preocupação do resultado futuro, característica do adulto, não é importante para a criança. Ela está completamente absorvida por aquilo que faz no momento presente.

  • A sua criança aprende, principalmente, através da imitação dos adultos com os quais convive
       Os pais são os modelos que imitam para aprenderem a agir como os adultos.
        O seu comportamento é muito semelhante àquele de quem venera um ídolo.
         Ela copia ações e comportamentos dos adultos e guarda muito do que vê para em seguida, usar em ocasiões que julga apropriadas.

  • O ritmo natural de seu filho é muito mais lento que o seu.
      Crianças não têm o senso de tempo que têm os adultos, as coisas não lhe parecem urgentes como para nós. Eles não fazem ainda projetos para o futuro como os adultos. As crianças vivem o presente.

  • O elogio e o encorajamento sincero da parte dos adultos fazem a criança sentir-se satisfeita consigo própria. Provando um senso de valor pessoal, motivando-se para prosseguir no seu esforço para aprender.
      À criança não serve uma grande quantidade de louros ou de palavras entusiásticas, estas podem perder-se sem significado.
      Poucas palavras, plenas de calor, um gesto de apreciação e confiança no seu esforço e pelas suas qualidades pessoais são muito importantes para ela.

O método Montessori pode contribuir de muitos modos para o crescimento de seu filho:

          Muitas características de seu filho foram observadas  por Maria Montessori. O sistema de educação por ela criado é concebido especificamente para ir de encontro  às necessidades fundamentais das crianças .
          O método Montessori compreende  inúmeros e diversos aspectos, por isto uma professora Montessori com boa capacitação é alguém que estuda e trabalha muito. Mas as idéias e conceitos básicos podem ser facilmente compreendidos por todos .

  • Maria Montessori tinha um conhecimento excepcional das crianças .
Nascida em Chiaravale , província de Ancona , na Itália em 1870, Maria Montessori foi a primeira mulher médica da Itália . Inicialmente trabalhou com crianças com necessidades especiais e muito pobres.
Partindo da observação  e da experimentação direta, a Dra Montessori criou um sistema   educativo que ajudou tais crianças a aprenderem tanto quanto as crianças “normais “, muitas vezes colocando-as em situações de vantagem .
O método idealizado por Maria Montessori tem hoje reconhecimento mundial  e vem sendo aplicado em escolas de muitos países .Hoje  se observa um renovado interesse pelo seu  sistema educativo. Também hoje o seu profundo conhecimento sobre as crianças  e as suas idéias sobre o modo de ajuda-las a construí adultos sadios e equilibrados, desvendam novos significados da educação .
O método Montessori oferece um lógico e bem estruturado que permite à criança desenvolver-se no seu tempo, usando sua capacidade , com a guia de uma professora com capacitação montessoriana, utilizando materiais especialmente concebidos para fazer desabrochar  plenamente o  seu potencial.

  • No Método Montessori há três pontos  essenciais : a criança , o ambiente e a professora :
No centro de qualquer sistema educativo deve estar  a criança , afinal ela é protagonista da sua história, como também apontam os teóricos modernos .
          O método Montessori se baseia por inteiro sobre a observação  e sobre o conhecimento da criança como ela é realmente e não como os adultos imaginam que  poderá ser ou deverá ser .
          Paralelamente , Maria Montessori idealizou um ambiente completo , estruturado com a finalidade de ajudar a criança a desenvolver-se enquanto ser humano completo .
          No que compete à professora , ela desenvolve  atividades de observação da criança de modo que a partir dos dados que colhe , estimule o potencial da criança . Por isto preferimos o termo Orientadora de classe ao de professora , pois orientar a criança no seu trabalho  de auto- construção é o seu verdadeiro papel .

  • Montessori vê sua criança como ela realmente é :
O Método Montessori permite a seu filho aprender    de modo que faça melhor e mais facilmente as coisas .
Dentro de certos limites , quando o seu filho pode escolher o trabalho  que corresponde aos seus interesses, pode exercitar o senso de liberdade e espontaneidade , prova o entusiasmo por aprender pois está fazendo aquilo que deseja e não o que os outros determinam ou cobram...
Gradativamente a criança desenvolve o senso de independência e confiança  em si própria , uma vez que sua capacidade de ação no ambiente , quando devidamente estimulada e respeitada pelo adulto , vai aumentando .
O Sistema Montessori de Educação se baseia no desejo natural que a  criança  tem de aprender e que deve acompanhar as pessoas ao longo de suas vidas .Ajuda a criança  no seu crescimento e desenvolvimento natural , evitando provocar constrangimentos  por levar a criança a fazer  coisas para as quais não está pronta .

  • O ambiente Montessori :
          Na escola Montessori seu filho ensina a si próprio utilizando os materiais de desenvolvimento.
Trata-se de materiais adequados à criança, classificados, precisos  . Por sua própria utilização corrigem a criança quando são usados de forma inadequada  pois apresentam o controle do erro .
Deste modo  a criança prescinde da presença do adulto sinalizando-lhe o erro e busca a assertividade pelo uso do material . Tal atuação favorece consideravelmente a auto-estima da criança, pois o que é enfatizado é a busca da assertividade, sendo o erro vivenciado não como o fracasso, mas como o caminho para a construção do conhecimento.
Na escola Montessori seu filho aprende a trabalhar sozinho e com os outros. Em geral a escolha da forma de trabalhar é feita por ele. Aprende a seguir as regras do grupo   com a classe e faz ainda , a medida que cresce , com que outras criança possam aprendê-las com ele; numa troca constante de papéis que fortalece as relações sociais e estimula a criatividade.
No momento em que se mostra capaz de  escolher seu próprio trabalho e executa-lo a seu tempo , levando-o  a termo , há muitas oportunidades de exercitar-se .
A classe Montessori não é competitiva. No trabalho cotidiano a criança é estimulada a desenvolver o melhor de si própria, num aprimoramento continuo.
A classe Montessori é um lugar agradável no qual seu filho descobre seu modo de construir seu corpo e sua mente, tendo a orientadora como guia atenta para proporcionar-lhe os estímulos necessários, preparando o ambiente e atividades que possam  favorecer a  construção  de cada criança .

Ajudando seu filho a crescer e  conquistar a independência:
· Observe as roupas do seu filho para que ele possa vestir-se ou despir-se sozinho:calças com elástico ,botões grandes,camisas com decotes amplos que permitam a introdução da cabeça.

· No quarto da criança , nos demais ambiente da casa ...
 Use objetos no tamanho apropriado da criança:
uma mesinha com cadeiras
móveis robustos que não caiam com facilidade
ganchos ou cabides baixos onde possa pendurar sua roupa

· Nos outros locais da casa destine à sua criança um espaço para os seus objetos pessoais onde possa usá-los de forma independente: sua escova e pasta de dentes; o copo para beber água, o recipiente do qual pode servir-se de água na geladeira.
· Estimule seu filho a manter limpo e ordenado o seu quarto. Dê-lhe “instrumentos” para fazê-lo: um pano, uma esponja de modo possa ele mesmo “limpar” o ambiente.

· Atividades com adultos:
- Permita que a criança colabore com os adultos fazendo tarefas, limpando, cuidando das plantas, participando das atividades domésticas como verdadeiro membro da família.

-Compartilhe com seu filho seus “hobbies”: conhecer os esportes, as plantas, os animais, pássaros...para que ele possa descobrir os dele.

-Dê-lhe revistas para recortar figuras, comentar sobre elas, conte e reconte histórias.

-Leve-o para visitar parentes e amigos, mas respeite o seu tempo e evite visitas longas.

-Evite  seu filho de portar qualquer objeto de valor pelo qual não possa se responsabilizar

-Mostre ao seu filho como cuidar das plantas e dos animais em casa e quando achar oportuno deixe que assuma esta responsabilidade.

-Responda a seu filho sempre com franqueza e simplicidade.


Bibliografia : Malloy, Terry -“Montessori e il vostro bambino, un manuale per i genitori traduzido para o italiano por Elena Dompè, Edizione Opera Nazionale Montessori , Roma ,1999.

ABRINDO ESPAÇO PARA AS CRIANÇAS EM SUA CASA

  


Organizando a casa

 O Quarto

Devemos dar à criança um ambiente do qual ela possa tirar proveito sozinha: um pequeno lavatório só dela, uma escrivaninha com gavetas que possa abrir, objetos de uso comum que ela seja capaz de utilizar, uma pequena cama em que possa dormir à noite sob um cobertor agradável que ela consiga abrir e dobrar sozinha. Devemos dar-lhe um ambiente em que ela possa viver e brincar; e então nós a veremos trabalhando as mãos o dia todo, e esperando impacientemente para se despir e deitar-se em sua cama.”

Maria Montessori


Os quartos das crianças devem refletir claramente suas personalidades e interesses atuais.
Muito embora elas baguncem tudo quando estão sozinhas, as crianças pequenas necessitam tremendamente de amor e de um ambiente organizado. Tudo deve estar em seu lugar e o ambiente deve ser organizado de forma que seja fácil para a criança mantê-lo arrumado e bem organizado.
Teoricamente, a cama da criança pequena deve ser baixa, próxima ao chão, para que lhe seja fácil subir e descer sozinha. Em vez de usar um berço, Montessori recomendava aos pais modificar o quarto para facilitar a segurança da criança e sua independência antecipada. Reflita sobre o uso de um futon japonês ou de um colchão colocado diretamente no chão.
Aos cinco anos você poderá permitir que a criança use um saco de dormir sobre a cama em vez de lençóis e cobertores. Isto lhe facilitará a tarefa de arrumar a cama pela manhã.
Monte numa parede do quarto em local baixo onde a criança possa facilmente alcançar, um pequeno cabide para seus agasalhos e bonés.
Decore as paredes com impressos artísticos de alta qualidade de crianças ou animais, colocados ao nível dos olhos da criança.
Coloque um relógio de parede também ao nível dos olhos da criança. Escolha um com mostrador grande e fácil de ler.
Coloque extensões nos interruptores para que a criança possa acender ou apagar as luzes independentemente.
          Pendure na parede ao nível dos olhos da criança um quadro de cortiça ou similar onde ela possa prender seus trabalhos de arte da escola.
Não use uma caixa para brinquedos. Imagine a bagunça na sua cozinha ou oficina se você simplesmente jogasse todas as suas ferramentas e utensílios num baú. Use prateleiras baixas para os livros e brinquedos. Tente imitar a aparência da sala de aula da criança.Note como os professores Montessori evitam a desordem. Coloque os brinquedos que têm muitas peças em recipientes apropriados , como caixas com tampa , cestos  ou uma sacola de tecido.
Use um caixote forte de madeira pra guardar os blocos de construtor da criança.
Você poderá fazer uma cidade ou fazenda miniatura num pedaço de compensado pesado. Pinte-a de verde e coloque “grama” de brinquedo para simular uma campina. Coloque-a numa mesa baixa e a criança poderá criar displays maravilhosos com mini-construções feitas com seus blocos de madeira ou plástico. Acrescente pequenas árvores e bonecos daqueles que vêm em kits. . Você também pode fazer uma casa de bonecas desse jeito.
Guarde os bloquinhos de Lego numa bolsa de lona forte com alças, grande e colorida. Costure tiras de velcro para fechar a bolsa. No quarto da criança, essa bolsa servirá para guardar os Legos, e quando for viajar, fica fácil pegar a bolsa e levar.
Certifique-se que as gavetas da cômoda da criança estejam na altura certa para ela abrir e olhar. Ponha etiquetas nas gavetas: roupas de baixo, meias, etc.
Vasos de flores: incentive as crianças a catar flores nos campos ou no jardim para colocá-las no quarto.
Deixe algum espaço nas prateleiras do quarto da criança para um pequeno “museu natural”, onde ela possa exibir pedras que encontrar, sementes e folhas interessantes.Ajude-a a colocar em recipientes de vidro com boca larga onde você preparará uma mistura de água e álcool aquelas criaturas interessantes que toda criança gosta de explorar :lagartas , besouros , grilos , mariposas e outras ..
A música deve ser um componente importante na vida de todas as crianças. Reserve algum espaço para um sonzinho simples e uma pequena coleção de cd”s  e fitas e que sejam sempre de boa qualidade .

O banheiro

O banheiro deve, dentro do possível  ser preparado para a criança. Ela deve ser capaz de alcançar a pia, abrir a água e pegar sua pasta de dentes e escova sem ajuda.
Deve haver um lugar especial e ao seu alcance para suas toalhas.
A maioria dos pais dá banquetas para as crianças utilizarem no banheiro, mas banquetas pequenas e “bambas” não fornecem a segurança e o conforto necessários. Esteja atento!

Uma área para artes e trabalhos manuais

Prepare um espaço para artes com um cavalete e uma mesa espaçosa para desenho, trabalhos manuais e argila. Forre-a com uma toalha lavável.
O material de arte das crianças pode ser ordenadamente arrumado em caixinhas plásticas  separados. Dependendo da idade da criança, o material pode incluir canetinhas hidrocor laváveis, lápis de cera, cola, papel, retalhos de tecido e objetos domésticos reciclados para fazer colagens. Pode-se manter fresca a tinta guache misturando-a em recipientes Tupperware com três ou mais divisões internas.
Para o  espaço destinado  às artes de trabalhos manuais deve ser escolhido um local da casa de fácil lavagem, como um canto da varanda .
Se você não dispuser deste local e mesmo assim quiser fazer o cantinho das artes , compre um pedaço de plástico resistente e forre o chão sob  o cavalete , assim , depois de cada uso é só limpar o plástico .

A cozinha

Separe a prateleira mais baixa da geladeira para uso das crianças. Coloque lá pequenas jarras, frutas e ingredientes para sanduíches e petiscos. Use recipientes  inquebráveis para a manteiga , geléias , queijos  ou frios fatiados e pastas. Uma criança de dois anos pode abrir a geladeira e pegar seu próprio petisco previamente preparado ou suco já numa canequinha ou copo com tampa. Uma criança um pouco mais velha pode servir seu próprio suco e preparar seu próprio lanche.
          Ponha os garfos, facas e colheres numa gaveta baixa.
Coloque numa parede uma prateleira baixa para os pratos, copos, canecas e guardanapos que podem ser usados pelas crianças.
Lembre-se que se você preparou a sua casa para o seu uso, não custa nada prepará-la para o uso do seu filho.

As crianças podem ajudar em casa

Se lhes for corretamente mostrado, crianças de dois a seis anos fazem prazerosamente, compartilhando e cooperando com os adultos , os cuidados com o ambiente, espanam, limpam o chão, esfregam, escovam, limpam e lustram, e devem ser capazes de fazer isso facilmente em casa e na escola.
É perfeitamente razoável pedir às crianças mais velhas que arrumem seus quartos e ajudem nas tarefas domésticas.
Dê à criança sua própria vassoura ou espanador.
Arranje um cesto para as roupas sujas da criança. Peça-lhe para levá-lo à lavanderia da casa regularmente.
Deve haver no banheiro um baldinho com uma escova de banho e uma esponja.
Dobrar toalhas e guardanapos é uma boa atividade para ensinar à criança pequena.
Na cozinha , pequenas tarefas na preparação das refeições  e na conservação do ambiente podem ser realizadas pelas crianças desde que o adulto prepare condições favoráveis ao trabalho da criança neste ambiente .

 

Os preparativos para celebrações devem envolver toda a família

As crianças são parte integral da família e devem ter um papel significativo no planejamento e nos preparativos das festas e comemorações familiares. Conforme sua idade, elas podem ajudar muito limpando seu quarto, picando legumes, ajudando na cozinha, arrumando a mesa, levando a comida para a mesa, colocando os enfeites, recebendo convidados à porta, sentando adequadamente à mesa, recebendo bem os amiguinhos e os parentes que visitam sua casa.
Todos nós nos sentimos orgulhosos quando os amigos e parentes elogiam a inteligência, o encanto e a cortesia de nossos filhos.

Televisão


Os valores da criança e seu conhecimento sobre o mundo têm sido tradicionalmente moldados por quatro influências culturais: o lar, a escola, as crenças de sua família e os seus colegas. Hoje a televisão representa a quinta e incrivelmente poderosa influência cultural, sobre a qual a maioria de nós pouco sabe e não controla. Isto não é bom, especialmente se você levar em conta que a criança média assiste TV seis horas e meia diariamente. A TV tornou-se a babá escolhida por famílias demais.
Há muitos problemas com televisão sem controle e crianças. A violência mostrada na TV é tremendamente preocupante. Em um ano uma criança assiste a milhares de assassinatos, lutas, batidas de carros, e explosões em pleno ar. Seguramente os valores e a abordagem para solução de problemas considerados apropriados por muitos produtores divergem de muitos valores éticos universais . Entretanto, uma preocupação ainda maior  é o aspecto hipnótico do ato de assistir TV. Muitos pais observam que seus filhos são capazes de ficar sentados horas a fio fascinados pela TV. É claro que sentam e assistem por longos períodos; estão em transe. Assistir TV é, na melhor das hipóteses, uma experiência passiva. Não exige pensamento, imaginação ou esforço. Programação de qualidade para crianças pode ser ótima, mas a maioria dos programas é tudo menos isso. Que outra mídia pode transportar-nos tão maravilhosamente a outra época ou lugar? Entretanto, creio que a TV deva ser permitida em doses cuidadosamente medidas e planejadas.
Crianças não precisam da TV para se entreterem. Estabeleça algumas regras básicas como por exemplo ,  determinar os programas que seus filhos podem assistir e limitar o número de horas por dia que eles podem ficar em frente à TV. Dê às crianças o máximo de escolhas que puder. “Vocês podem escolher entre os seguintes programas, mas num único dia só podem assistir a três deles. Quais são suas escolhas para hoje?”
Às vezes um programa pode ter realmente valor, mas trata de um assunto cujo conteúdo pode ser confuso ou perturbador. Nestes casos é conveniente  assisti-lo  junto com seu filho e depois  discuti-lo..

Trabalhando juntos como um casal

Muitos pais têm se queixado que seus esforços para colocar ordem nos brinquedos de seus filhos são debilitados pelo conceito relaxado de ordem de seus cônjuges. Criar este senso claro de ordem externa é extremamente importante para todas as crianças, especialmente quando têm menos de quatro anos. Os pais têm que trabalhar juntos, suas ações precisam ser coerentes.

Conclusão

Muito freqüentemente os pais acabam frustrados nos seus esforços para manter a paz em suas casas. Concentram-se em tentar conseguir que as crianças façam aquilo que querem que elas façam, em vez de concentrar-se em fortalecer os laços familiares. Nossos filhos precisam ser respeitados como seres humanos independentes. A disciplina deve ser ensinada como uma série de lições dadas por pais cuidadosos e confiantes que sabem que seus filhos são basicamente bons, e totalmente capazes de fazer o que é certo. As crianças tendem a viver à altura das nossas expectativas.
Amor não é o bastante: o respeito que damos às crianças e insistimos que elas nos dêem em retorno é a chave. Não lhes peça para ganhar seu respeito e confiança, assuma desde o início que elas merecem ser tratadas com respeito. Acho surpreendentes as famílias cujos componentes tratam-se com menos cortesia e respeito do que aos vizinhos. Respeito é o lubrificante essencial que mantém a máquina do relacionamento familiar funcionando suavemente.
Às vezes os pais tentam ser os “melhores amigos” das suas crianças, o que pode vir a ser um sério engano. Amigos elas conseguem nas ruas, mas pais elas só têm dois. Se formos apanhados tentando fazer com que nossas crianças “gostem” de nós, acharemos difícil confrontá-las quando saírem da linha (o que farão cedo ou tarde). Zangar-se com os pais é parte do crescimento. É como criamos uma pequena distância entre nós e nossa infância. Teoricamente, pais são amados, respeitados e pessoas em quem se pode confiar, mas não amiguinhos ou companheiros de brincadeiras.
Fale ao que a criança tem de melhor em seu interior. Tente chamar de seu interior o jovem adulto que um dia tomará seu lugar. As crianças, assim como todo mundo, tendem a viver à altura das nossas expectativas ou do nosso desrespeito.
O respeito deve estender-se aos interesses e a todas as atividades “razoáveis” nas quais a criança se envolve. Preste atenção às coisas que a fascinam e tente entendê-las.
Sempre que possível apóie os desejos da criança por atividade. Não tente servi-la ou entretê-la, mas ensine-a a ser independente.
Tenha muito cuidado com o que diz ou faz na frente das crianças. As crianças aprendem o que vivem. São muito mais sensíveis às nossas influências do que pensamos.
O tipo de lar qie fazemos para nossos filhos transmite-lhes volumes de informação sobre o que realmente sentimos por eles . Incluí-los em nossa vida familiar e mostrar interesse pelos seus sentimentos e respeito pelos seis interesses, lhes dirá o quanto eles realmente significam  para nós.



Tim Seldin é presidente da “The Montessori Foundation” e co-autor de “Celebrations of Life” e “The World in The Palm of Her Hand”.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

ABRINDO ESPAÇO PARA AS CRIANÇAS EM SUA VIDA




 Tim Seldin é presidente da “The Montessori Foundation” e co-autor de “Celebrations of Lifee “The World in The Palm of Her Hand” , é dele o texto abaixo que pode ajudar cada família na organização da casa para as suas crianças.


Nosso papel como pais.

A vida interior da criança

Maria Montessori nos ensinou a ver cada criança como um ser único; um embrião espiritual vivo, com possibilidades e pronto para crescer espiritual, moral e psicologicamente.

Ela escreveu:

 “Os seres humanos são lentamente formados. Cada um de nós é “feito à mão”, e cada indivíduo é diferente de todos os outros, com seu espírito característico como se fosse uma obra de arte natural. Criada por um processo que leva muitos anos.

A vida interior da criança é um enigma. Só o que sabemos sobre a criança é que poderá ser qualquer coisa, mas ninguém sabe o que será ou o que fará.

O desenvolvimento humano é exatamente como o processo necessário para produzir uma obra de arte, que o artista, isolado na intimidade do seu atelier, modifica e transforma antes de levá-la a público. O processo pelo qual a personalidade humana é formada está na obra oculta da sua auto-construção.”

Montessori entendia que a criança era um embrião espiritual , cujo processo de desenvolvimento  deveria acabar por permitir que fosse capaz de agir independentemente no mundo.

            Assim como o embrião humano antes do nascimento, esse embrião espiritual, que é a jovem criança, deve ser protegido de ambientes hostis através do calor do nosso amor e acolhimento.

As crianças aprendem com seus erros.

Os adultos com freqüência presumem, equivocadamente, que as crianças desenvolvem seu caráter apenas através dos cuidados e da educação que recebem em casa, ou seja da “criação”. Acreditamos que podemos moldar a personalidade e o destino de uma criança através de aconselhamento correto e tentativas de guiar seu desenvolvimento.

As crianças trazem consigo a chave para o seu próprio desenvolvimento. Suas primeiras tentativas para expressar sua individualidade são hesitantes e experimentais.

Nossas crianças pensam que tudo sabemos e tudo podemos. Essas tentativas são facilmente esmagadas pelas nossas melhores intenções.

Nossos esforços para proteger nossas crianças de erros que parecem tão óbvios, do nosso ponto de vista, tendem a frustrar o seu processo de auto-aprendizado sobre a vida.

Precisamos aprender a identificar e respeitar os esforços que a  criança faz  para desenvolver uma personalidade independente, porque através desse processo criativo ela literalmente “molda” o futuro adulto.

Como pais, é nossa obrigação tentar entender as necessidades psicológicas de nossos filhos e preparar em nossas casas um ambiente favorável para eles, afinal esta é a função inerente aos adultos em cada espécie.

Montessori sentiu que muitas vezes os pais, embora agissem com as melhores intenções, tendiam a atrapalhar e frustrar o processo de crescimento  dos filhos .

O papel principal dos pais é ajudar a criança a amadurecer independente e responsável. Com freqüência, compreendemos mal o que podemos fazer e o que não devemos fazer para realmente facilitar o processo de desenvolvimento natural da criança. Temos tendência a superproteger, não compreendendo que nossos filhos somente podem aprender sobre a vida através da tentativa e do erro, assim como nós aprendemos.

Nosso papel como pais é ajudar nossos filhos a aprender a viver em paz e harmonia com as pessoas e com o ambiente.

Trabalhamos para criar um lar em que eles possam aprender a agir como pessoas independentes, responsáveis, “pensantes”.

Para sermos realmente bem-sucedidos no nosso papel de pais, precisamos tratar nossos filhos com tremendo respeito, como plenos e completos seres humanos que por acaso estão sob nossos cuidados. Eles precisam sentir que podem livremente ser quem e o quê são.

Ser livremente o que é ,não inclui deixarmos nosso filhos à sua própria sorte , é preciso cuidá-los.

Precisamos realmente deixá-los sentir o nosso respeito; falar simplesmente não é suficiente. Se eles acreditarem que não estão vivendo à altura das nossas expectativas, que estamos desapontados com as pessoas que estão se tornando, eles poderão ficar emocionalmente marcados por toda a vida.

Uma criança que não se sente aceita pelos seus pais pode somente vagar pela vida olhando-a de fora como um estranho.



Os pais ensinam valores aos filhos


Um de nossos objetivos fundamentais como pais é inspirar os corações de nossos filhos. Nós não somente compartilhamos com eles as nossas crianças, mas também ensinamos nossos valores, ética e o sentido do que é realmente importante e maravilhoso: amor, cordialidade e confiança na bondade fundamental da vida. De maneiras simples, encorajamos nossos filhos a iniciar a jornada para estarem plenamente vivos e serem plenamente humanos. Tudo que fazemos visa cultivar neles um sentido de alegria e apreço pela vida, um sentido poético, e construir a compreensão  da inter-relação da espécie humana com o universo.

Conscientemente ou não, ensinamos nossos valores às nossas crianças. Compartilhamos confiantemente o objetivo de ensiná-las a compreender e respeitar as reais diferenças entre diferentes culturas, pois embora sejamos todos iguais por dentro, somos muito diferentes uns dos outros nas maneiras como vivemos nossas vidas e percebemos o mundo. Para construir um mundo melhor, devemos aprender a ver as pessoas como elas realmente são . Não temer o que nos é estranho e difere amplamente dos nossos costumes. Assim como as crianças podem aprender a odiar, elas podem aprender a amar com seus pais.

Para poder viver feliz quando adulto, a criança precisa de duas coisas: um forte sentido de sua identidade à parte da de seus pais, e um sentido de sua plena participação não somente na família, mas também na comunidade em que vive. Nossa obrigação moral é facilitar-lhe a transição da infância à maturidade e ensinar-lhe os conhecimentos necessários para ser bem-sucedida na escola, na universidade, no local de trabalho, e no momento cultural em que vive. Esta é a nossa missão como mães e pais.

Acredito que devemos mostrar às nossas crianças uma imagem verdadeira do mundo, de acordo com a sua crescente capacidade de compreensão.

Elas não devem nunca estar inseguras ou confusas sobre o que apoiamos. Embora, naturalmente, elas aprendam mais com aquilo que fazemos do que com o que falamos. Nossas ações devem ser consistentes com os nossos valores.

Para que as crianças cresçam emocional e moralmente completas, elas devem ser capazes de entender e confiar nos adultos importantes em suas vidas .

Para que possam  aprender a pensar e julgar por conta própria elas mas elas começam tendo a nós  como seu exemplo.



Estabelecendo um clima de amor



As crianças são extremamente sensíveis ao clima emocional dentro da família. Elas nos amam e basicamente querem que estejamos satisfeitos com elas. Isto não significa que sempre se portarão bem. Toda criança testará as regras e irá se comportar mal até certo ponto. De fato, muitos atos de mau comportamento são parte normal do seu processo de crescimento.

            O mau comportamento das crianças é geralmente sua forma de expressar sentimentos que não entendem, e de nossas respostas elas gradualmente aprendem como lidar apropriadamente com suas emoções. Testando os limites, aprendem que realmente nos importamos com certas regras básicas de virtude e cortesia em nosso relacionamento. Com esse comportamento, elas dão seus primeiros passos experimentais na direção à independência, tentando demonstrar que nós não as controlamos completamente.

Entrem em acordo sobre as regras básicas de sua família e coloquem-nas por escrito onde os pais possam consultá-las. Ensinem seus filhos como fazer o que é certo em vez de se concentrarem nas suas transgressões. Sejam consistentes! Se vocês não estiverem dispostos a reforçar uma regra inúmeras vezes, então esta não deverá ser uma regra básica em sua casa.

É preferível ter algumas poucas mas boas regras do que dúzias de regrinhas que ninguém se lembra.

Em minha casa há somente umas poucas regras básicas: seja cordial e gentil e trate com respeito todas as formas de vida; não choramingue; fale a verdade e não tenha medo de admitir que você errou, apenas faça o melhor que puder para aprender com o erro; se quebrar algo, limpe.

Nunca me impressionei com o uso de ameaças e castigos para obrigar as crianças a se comportarem. De acordo com a minha experiência, as crianças que reagem a ameaças e ficam abaladas com castigos estão ansiosas para agradar-nos e reconquistar nosso amor. Por outro lado, quando as crianças estão zangadas ou reivindicando sua independência, elas geralmente não ligam se são castigadas.

Castigos e ameaças dão às crianças uma escolha que eu não creio que deva ser dada. Estamos efetivamente dizendo: “Você pode decidir se prefere seguir as regras da nossa família ou aceitar as conseqüências. De qualquer forma, para mim dá no mesmo. Para mim tanto faz ralhar e punir você, ou fazer com que siga as regras básicas da família”.Castigos simplesmente não são tão eficazes como presumimos.

Em casa, assim como na escola, tento me concentrar em ensinar as crianças a fazer as coisas corretamente, enfatizando o positivo em vez de usar insultos e irritação. Não vou enganá-los: nem sempre é fácil. Acima de tudo, tento nunca fazer perguntas estúpidas aos meus filhos, tais como “Quantas vezes tenho que lhe dizer…?”, para a qual a resposta apropriada é “Eu não sei, pai. Quantas vezes você tem que me dizer?”. Faça uma pergunta boba e terá uma resposta boba.



Criando uma atmosfera de amor


As crianças são realmente tão sensíveis e impressionáveis que seria ideal se controlássemos tudo que dizemos e fazemos, porque tudo está gravado em suas memórias.

Nossos filhos nos amam com profunda afeição. Quando vão para a cama eles querem que fiquemos com eles enquanto adormecem. Quando trabalhamos na cozinha, eles freqüentemente querem ajudar. Quando sentamos para jantar, querem se juntar a nós. Poderíamos nos preocupar achando que os estragamos quando ouvimos seus apelos, mas não deveríamos. Eles só querem que lhes demos atenção. Eles querem ser parte do grupo. Montessori escreveu:



“Quem mais choraria por desejar intensamente estar conosco enquanto comemos? E com quanta tristeza diremos um dia “agora ninguém chora para me ter por perto enquanto adormece”. Somente uma criança diz todas as noites “não me deixe; fique comigo”, e o adulto responde “Eu não posso, tenho muito o que fazer, e que besteira é essa?”E acha que a criança tem de ser corrigida ou transformará todos em escravos do seu amor”.

Às vezes a criança acorda pela manhã e vai acordar seus pais, que prefeririam dormir; todos reclamam deste tipo de coisa. Ela sai de mansinho da sua cama, aproxima-se dos seus pais e toca-os suavemente. Na maioria das vezes eles dizem “Não me acorde pela manhã”, e a criança responde. “Eu não acordei vocês; eu só beijei vocês!”

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Liberdade é a melhor escola de disciplina !

Liberdade é a melhor escola de disciplina !
Artigo de Maria Montessori publicado no jornal The San Francisco Call & Post, em 25 /8/1915 Tradução livre para estudo por Marcia Righetti

O que significa disciplina ?

Tal conceito de disciplina não é fácil, nem de compreender-se nem de se obter, mas por certo contem um outro principio educativo, bem diverso da coerção absoluta e indiscutível e da imobilidade . É necessário que a professora tenha uma técnica especial para conduzir o menino sobre tal via de disciplina , na qual ele depois deverá caminhar durante toda a vida avançando indefinidamente para o aperfeiçoamento . Como a criança tem o impulso natural para mover-se ,prepara-se não para a escola , mas para a vida, desenvolvendo um indivíduo correto nas atitudes , pelas praticas que envolvem também as manifestações sociais, assim a criança se habitua a uma disciplina não limitada ao ambiente da escola mas a própria sociedade. A liberdade da criança deve ter como limite o interesse coletivo: como forma do que chamamos educação das maneiras ( boas maneiras) no relacionamento com os outros. Devemos impedir ao menino tudo quanto pode ofender ou prejudicar o outro ,aquilo que tem significado de ato indecoroso ou grosseiro. Mas todo o resto, cada manifestação advinda de uma intenção útil , qualquer que seja e de qualquer forma explicada, deve ser não só permitida mas deve ser observada pela professora : este é o ponto essencial! Da preparação cientifica da professora vai resultar o que vai conquistar além da capacidade para realizar sua tarefa o interesse como um observador dos fenômenos naturais .

Professores pacientes

A professora , em nosso sistema deverá ser paciente, muito mais que em constante atividade , a sua paciência será composta de ansiosa curiosidade cientifica e de respeito absoluto aos fenômenos que vai observar. É necessário que a professora entenda e sinta a sua posição de observadora . Na atividade deve estar o fenômeno . A ação do professor não deve então somente permitir, mas realmente incentivar, todas as expressões de impulsionadas pelos aspectos positivos , não obstante a natureza ou a forma. É essencial que o professor seja paciente, isto é melhor que todas as técnicas pedagógicas., deve ter competência cientifica para realizar uma observação, e deve ser sensível o bastante para apreciar as várias manifestações da inteligência curiosa da criança. Nenhuma expressão espontânea desta inteligência curiosa deve ser sufocada. É difícil estimar o dano que pode resultar desta prática à criança pessoalmente, e mais difícil de estimar a perda no avanço da raça humana. Algum dos sentimentos mais refinados , das idéias as mais brilhantes, e do estímulos de personalidades originais deixam de se expressar , porque todo o ímpeto para a expressão original foi sufocado com a correção e a crítica precoce . Expressões que parecem erradas podem estar corretas , mas é preciso saber diferenciá-las . O professor que usa meu método não deve somente refrear a expressão pessoal da criança, ou impor uma forma convencional, prescrita da conduta, exceto quando esta é prejudicial à criança ou a outro. Em minha primeira escola em Roma, eu observei, uma manhã, uma menina pequena que atuava de forma ruidosa sobre a sala de aula, fazendo gestos incomuns. O professor parou imediatamente a criança com alguma palavra de correção. Eu observava de perto e prestava atenção à esta menina pequena , cujos movimentos estranhos me pareceram ter algum motivo real. Ao questioná-la eu descobri que o professor pela correção distorceu a sua ação e impediu-a de realizar o que seria uma idéia digna: ensinar às outras crianças como realizar com os cerimoniais apropriados alguns atos litúrgicos da igreja – estes eram os seus gestos “incomuns “. Colocando-se no papel de um professor. Ajuda – me a fazer-me por mim. Em uma outra ocasião eu observei um grupo das crianças recolhidas em torno de uma bacia com água que continha alguns objetos flutuando. A parte do grupo estava uma criança muito pequena que manifestava a curiosidade considerável pelo que as outras crianças estavam olhando, mas que era incapaz, dado o seu tamanho, forçar sua passagem para chegar até a bacia. Observando-a de uma distância pequena e vi a expressão do prazer genuíno que veio em sua cara enquanto carregou uma cadeira pequena até o grupo e conseguiu estar nele e olhar sobre as cabeças das outras crianças. O professor viu seus esforços, e, com o mais amável dos motivos, acolheu a criança nos seus braços e colocando a criança em posição confortável disse:- Pronto, pequeno, agora você pode ver tudo muito melhor! Sem perceber o professor distorceu o verdadeiro trabalho e esforço da criança e sua expressão do prazer e do triunfo desapareceram imediatamente. Evidente a criança não sentiu o sentido de gratificação que estaria para ela em superar o obstáculo com seus próprios recursos. A visão do objeto flutuando na bacia não trouxe a alegria, nem a força que resulta com realização pessoal para se alcançar de um objetivo mais importante. Neste caso o professor impediu que a criança atingisse um ponto o mais vital na instrução sem tê-la feito mais feliz. O pequeno estava a ponto de experimentar toda a emoção da vitória, e encontrar-se impotente nos braços do professor frustrou-o. O olhar de intensa energia da concentração intensas que me tinha interessado deu lugar à uma expressão estúpida de pessoa que sabe q
ue outra assumirá a responsabilidade, que outros agirão para ele.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Ambiente , educador e material , uma trilogia montessoriana.

I – O ambiente : O instinto e o desejo fundamentais da criança são aqueles que a levarão a uma adaptação ao mundo das coisas e das pessoas, medindo e comparando o que sua personalidade permite, a cada circunstância. O ambiente social, escreveu Maria Montessori, é aquele no qual a individualidade se apresenta com diferentes exigências e níveis diversos .Por este mesmo fato a escola é um ambiente que deve acolher a criança de idades heterogêneas; adaptado ao trabalho individual e de pequenos grupos. O seu parâmetro de medida é semelhante ao da casa, com espaços articulados, irregulares e ricos de ângulos e cantinhos tranqüilos, onde se pode trabalhar, pensar, imaginar; com o próprio tempo que cada um precisa, o seu ritmo interior. É também o ambiente preparado no sentido de medida, com objetos e mobiliário proporcionais à idade e ao corpo da criança; revelador da exatidão da ordem; qualidade que sugere uma disciplinada atividade autônoma. Ambiente acolhedor e calmo, seguro; no qual é visível um positivo senso de competências. Um ambiente em que a criança possa mover-se livremente , sem necessitar do controle do adulto ao qual a administração e os cuidados são delegados com a finalidade de mantê-lo como lugar aberto a escolha e ao trabalho das crianças. Móveis, mesas e cadeiras devem ser escolhidas de modo que a criança possa transportá-los.Isto favorece uma parte do trabalho da vida prática, para a criança chamada a empregar algum esforço físico para posicioná-los no ambiente ou transportá-los. Pelo mesmo critério educativo, as crianças de uma escola Montessori usam pratos de louça, copos de vidro ,que parecem tão frágeis. As crianças são assim “convidadas “a desenvolverem movimentos coordenados, precisos para poderem manusear tais objetos sem quebrá-los. Em todos estes caso o exercício de auto controle se faz presente e oferece a possibilidade da auto correção, da prudência, do respeito, fazendo-se, a criança, mestre do seu próprio movimento e agente do seu próprio processo educativo. “Assim a criança avança na sua própria perfeição, assim ela vai poder coordenar perfeitamente os seus movimentos voluntários”. ( Maria Montessori, L’ Autoeducazione nelle scuole elementari) A atmosfera escolar torna-se o ambiente da vida no qual as crianças aprendem a desenvolver o prazer por manter a ordem , a limpeza, a beleza. Estes exercícios exatamente definidos na vida prática, tem uma função importante e significativa, estão na "casa das crianças" (Educação Infantil) onde favorecem o desenvolvimento psico-físico e a coordenação dos movimentos, ele é na escola elementar (Ensino Fundamental) realizado com maior autonomia e envolvido nas questões da responsabilidade de cada um para com os cuidados com o seu espaço, relacionando-se com a ecologia ambiental, maior dimensão da autonomia responsável, conseqüentemente da socialização e da cidadania. enfoque escolhido pela Metodologia Montessori delega ao adulto ensinar a criança a agir com responsabilidade no uso dos objetos e apetrechos do ambiente. É dessa maneira que a criança vai desenvolvendo a responsabilidade e “dando-se conta dos riscos” pois está conectada com o uso apropriado dos objetos que fazem parte do seu mundo real. O adulto, que prepara o ambiente deve observar o desenvolvimento da criança para poder introduzir “os riscos” para o qual ela já está preparada. Na educação infantil o ambiente será: • Proporcional às capacidades motoras, operativas e mentais das crianças para ser ativamente utilizado e dominado. • Ordenado e organizado com a finalidade de proporcionar, através dos pontos de referencia classificados, que a criança possa formar uma própria visão da realidade, que tenha o caráter de trazer a criança à calma para que encontre o equilíbrio emocional . • Cuidado e bem articulado nas particularidades para estimular a criança a descoberta do erro e a auto-correção . • Atraente e belo afim de que seja suscitado o natural amor estético da criança sobre tudo o que revela qualidades de gentileza, de ordem, de grandeza, de cuidado e atenção. • Calmo e harmonioso para favorecer a livre expansão dos interesses e das experiências e uma positiva dimensão psico - afetiva necessária, para construir a confiança em si próprio e nos outros. Como se nota, o ambiente típico de uma escola Montessori, em qualquer segmento deve se distinguir pela presença dos instrumentos de trabalho psico-motor e intelectivo das crianças, instrumentos conhecidos como “materiais de desenvolvimento e de formação interior”. Sabemos que a criança, como todos os seres vivos, é guiada por um “misterioso” impulso vital para adaptar-se ao ambiente, absorvendo suas características. Sendo um ambiente confuso, instável, incompleto, inútil e desnecessário, privado de interesse e de atrativos e não diretamente utilizado por uma pessoal experimentação, a criança assimilará suas características negativas, sem poder exercitar-se de modo claro e preciso, comprometendo os próprios poderes psíquicos e mentais e, conseqüentemente, a formação e a construção do seu caráter. No Ensino Fundamental o ambiente será articulado de forma mais racional tendo em vista a busca mais ativa do conhecimento da cultura, que é característica desta idade. Deverá favorecer • • A experimentação e o trabalho de grupo; • A leitura e a consulta de textos, com uma biblioteca essencial na escola; • A coleção, o estudo e o valorização dos elementos fornecidos pela natureza (Observação, coleta e pesquisa de reálias com posterior organização de insetários, “pequenos museus de historia natural “ minerais etc ) • Uma • abertura maior para as questões do mundo , a vida alem dos portões da escola (a escola entra no mundo e o mundo entra na escola); • as atividades manuais amarradas ao "trabalho da humanidade, mas conectadas sempre ao desenvolvimento da mente: Maria Montessori escreveu "o trabalho das mãos deve sempre acompanhar o trabalho da mente para desenvolver uma unidade no trabalho da personalidade". Por apresentar os cuidados com a formação do caráter, com a construção de uma personalidade ativa e disciplinada, o ambiente educativo montessoriano é definido como um guia de vida e de cultura, como um ambiente educador . II - O trabalho organizado, a função do material e a mente da criança O trabalho organizado é a dimensão pratica na qual vivemos e realizamos os pressupostos científicos que sustentam a razão e a necessidade do Método Montessori. O primeiro considera que a criança, por sua natureza, comanda através de um impulso interior , delicado e profundo o seu próprio desenvolvimento psíquico . É a natureza que lhe sugere que coisa deve fazer, quando fazer e como fazer, é a natureza que guia a criação dos próprios órgãos psíquicos como os que possibilitam o movimento e a linguagem , por exemplo . Disposições transitórias surgem, favorecendo determinadas aquisições; elas presidem a preparação e formação de forças e poderes que não podem ser positivamente conquistados quando o correspondente período sensível cessa de agir de modo intenso e dominante. Portanto o desenvolvimento psíquico não acontece ao acaso, nem origina-se certamente de estímulos externos: a criança deve ser exposta ao ambiente no qual se desenvolverá, o ambiente é necessário para que a criança possa agir e encarnar a si própria, sua própria criação psíquica e mental , resultado de uma vontade interna e de um misterioso segredo vital. “Nesta interação sensível entre a criança e o ambiente está a chave que pode abrir “o invólucro” no qual o embrião espiritual cumpre o milagre do crescimento“. O segundo pressuposto afirma que a criança tem uma forma mental própria e diferente do adulto: é a mente, inconsciente e absorvente, criadora da natureza do homem e da sua cultura, movimento, linguagem, pensamento, amor. Mas a criança não cria e absorve ao acaso e sim através de uma guia severa e ordenada. Ela segue leis constates que criam normalmente os fatos do desenvolvimento, respeitando os tempos de manifestação e de explosão. Somente pelo fato de viver a criança aprende, ou melhor, absorve e faz “seu mundo “do ambiente em que vive, oferecendo a sua atenção e transformando em cultura da civilização o que absorve e assegurando assim a continuidade histórica da Humanidade. A escola, a partir destes fatos e fenômenos naturais, dedicada a cultivar o potencial da humanidade ajuda à sua expansão e formação. A cultura da criança é assim o resultado de seu livre trabalho, no curso de experiências pessoais, onde ela absorve os elementos constitutivos que se fixam no seu espírito, forma o seu caráter preparando-se para dar novos frutos. A escola por si própria e as aulas não são espaços de confinamento limitados, mas lugar de historias e experiências, pois que a criança, circulando livremente, descobre possibilidades de trabalho e de construção do conhecimento. A criança, instintivamente, se coloca onde há oportunidade de trabalho, de experiência, de observação, de estudo. A Escola Montessori rejeita a “concepção segmentária “do tempo e do espaço uma vez que qualquer tempo e qualquer espaço são educativos. A criança deseja conhecer e saber, perguntando e pesquisando,pensando e imaginando, procurando descobrir os fenômenos e os fatos, que devem ser explicados, justificados, vivenciados. No ambiente cada coisa é pensada para proporcionar uma visão ampla da realidade. Maria Montessori escreveu que a arte de instigar as crianças para novas descobertas está na forma como a professora conduz o seu discurso. Suas respostas devem satisfazer a criança e ao mesmo tempo instigá-la, com o seu entusiasmo, para novas pesquisas e novas atividades, A professora deve ser a nobreza que desperta na criança mais desejo para aprender , ampliando ela própria o seu conhecimento sobre a sua própria vida psíquica, penetrando com sua pesquisa nos campos inexplorados e alargando mais e mais os horizontes ; buscando novos conhecimentos nos quais se fortalece e cresce como pessoa . Diz ainda Montessori: “a escola deve ser vivificada por um novo espírito, deve ser animada por professores sábios, muito mais sábios do que qualquer outro individuo, que conhece e respeita as leis da educação”. A professora montessoriana não julga os resultados conseguidos pela criança, mas está atenta às causas que impedem ou retardam o seu processo de desenvolvimento; observa-as para entender e modificar as circunstancias Oferece as melhores possibilidades, corrigindo desvios que possam comprometer o desenvolvimento, como o cientista, que prepara o “campo“ para os melhores resultados da sua experiência. Por este motivo ela não é o centro das atividades desenvolvidas e está sempre vizinha de quem precisa de ajuda, junto a criança que solicita seu apoio ou sua presença, fala docemente e brevemente,ajuda sem interromper e corrigir , ajuda sem atrapalhar o trabalho da criança, sem dispersar sua concentração ou das outras crianças. E quando não é necessária sua ajuda, senta-se a um canto quietamente e observa o trabalho de suas crianças. O material Montessori é o capitulo central do método e a professora é responsável por apresentá-lo a criança demonstrando o seu uso, é ela a figura de contato e mediação do material . Ao apresentá-lo a criança instiga o exercício, assim a criança usa o nos exercícios desenvolvendo a inteligência, construindo conceitos e retirando informações .Penetrando no material estruturado as crianças se dão conta de como operam , pensam, constroem hipóteses, descobrem soluções de como classificam, resolvem problemas e modificam a própria representação mental. Neste sentido o material Montessori tem uma valor metacognitivo pois que se assenta em outro material e técnicas de aprendizagem .O material permite à criança agregar novas informações àquelas já conquistadas, escolhendo a estratégia e outras alternativas para apropriar-se de uma noção, de uma operação matemática, de um texto poético . Oferecendo um trabalho intimamente pessoal e proporcionando a experiência da conquista da própria autonomia. Necessariamente aberta ao estudo e a criatividade a professora Montessori que experimenta a e adota novos meios , criando novos materiais, em consonância com os princípios do Método Montessori, faz de seu ambiente um espaço dinâmico e apropriado à escola Montessori de nosso tempo. III - A professora Montessori: Como é evidente a professora Montessori assume o papel de facilitadora, de organizadora e observadora da vida psíquica e cultural da criança . Daquela que está sempre disponível para dar à criança a ajuda que ela precisa. Cabe-lhe os cuidados com o ambiente, preparando—o para as suas crianças e provendo-o de materiais necessários . A preparação dos materiais refere-se `a estruturação do espaço e do trabalho criativo, para a construção dos instrumentos da cultura necessários às atividades auto - educativas das crianças , tempo e momento dificilmente quantificados mas que dão a medida do que diferencia a professora montessoriana das demais ( pois certamente estas estariam envolvidas com infindáveis correções !!! ) O caráter da professora montessoriana: Se o espontâneo processo de auto-educação da criança deve ser ajudado e respeitado, a ação da professora perde o caráter de centralização , seja como sujeito da docência, seja como sujeito do controle Ela não impõe, nem dispõe,nem impede, mas propõe, estimula,orienta .E, sobretudo ela própria exercita. • A capacidade de observação das crianças e das interações destas com o ambiente. • A analise e utilização dos materiais de desenvolvimento, os quais estão sempre abertos a novas e surpreendentes descobertas .; • O respeito ao tempo e ao ritmo de aprendizagem sempre relacionado às diferenças e variáveis individuais . necessária sua ajuda, senta-se a um canto quietamente e observa o trabalho de suas crianças. O material Montessori é o capitulo central do método e a professora é responsável por apresentá-lo a criança demonstrando o seu uso, é ela a figura de contato e mediação do material . Ao apresentá-lo a criança instiga o exercício, assim a criança usa o nos exercícios desenvolvendo a inteligência, construindo conceitos e retirando informações .Penetrando no material estruturado as crianças se dão conta de como operam , pensam, constroem hipóteses, descobrem soluções de como classificam, resolvem problemas e modificam a própria representação mental. Neste sentido o material Montessori tem uma valor metacognitivo pois que se assenta em outro material e técnicas de aprendizagem .O material permite à criança agregar novas informações àquelas já conquistadas, escolhendo a estratégia e outras alternativas para apropriar-se de uma noção, de uma operação matemática, de um texto poético . Oferecendo um trabalho intimamente pessoal e proporcionando a experiência da conquista da própria autonomia. Necessariamente aberta ao estudo e a criatividade a professora Montessori que experimenta a e adota novos meios , criando novos materiais, em consonância com os princípios do Método Montessori, faz de seu ambiente um espaço dinâmico e apropriado à escola Montessori de nosso tempo. III - A professora Montessori: Como é evidente a professora Montessori assume o papel de facilitadora, de organizadora e observadora da vida psíquica e cultural da criança . Daquela que está sempre disponível para dar à criança a ajuda que ela precisa. Cabe-lhe os cuidados com o ambiente, preparando—o para as suas crianças e provendo-o de materiais necessários . A preparação dos materiais refere-se `a estruturação do espaço e do trabalho criativo, para a construção dos instrumentos da cultura necessários às atividades auto - educativas das crianças , tempo e momento dificilmente quantificados mas que dão a medida do que diferencia a professora montessoriana das demais ( pois certamente estas estariam envolvidas com infindáveis correções !!! ) O caráter da professora montessoriana: Se o espontâneo processo de auto-educação da criança deve ser ajudado e respeitado, a ação da professora perde o caráter de centralização , seja como sujeito da docência, seja como sujeito do controle Ela não impõe, nem dispõe,nem impede, mas propõe, estimula,orienta .E, sobretudo ela própria exercita. • A capacidade de observação das crianças e das interações destas com o ambiente. • A analise e utilização dos materiais de desenvolvimento, os quais estão sempre abertos a novas e surpreendentes descobertas .; • O respeito ao tempo e ao ritmo de aprendizagem sempre relacionado às diferenças e variáveis individuais Traduzido e adaptado por Marcia Righetti, a partir de “Projeto educativo para as crianças de 3 a 11 anos”, Opera Nazionale Montessori, Itália .www.montessori.it